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ESTA QUINTA FEIRA GRANDIOSA CORRIDA DE ENCERRAMENTO DA ÉPOCA DO CAMPO PEQUENO
ESTA QUINTA FEIRA GRANDIOSA CORRIDA DE ENCERRAMENTO DA ÉPOCA DO CAMPO PEQUENO
09 de Outubro de 2017

Tradicional e sempre espectacular corrida á antiga portuguesa

Luís Rouxinol Júnior: “A minha primeira temporada como profissional foi muito exigente”

O cavaleiro Luís Rouxinol, que dia 12 actua no Campo Pequeno, considera que a temporada de 2017, a sua primeira como profissional, “foi muito exigente e recheada de desafios da maior importância”.

“Sinto-me satisfeito pela forma como decorreu, até pelo facto de ter vencido alguns importantes troféus destinados a premiar a melhor lide”, disse o cavaleiro.

Luís Rouxinol Júnior encontra no cavalo Lusitano o “colaborador ideal para o toureio”, raça onde, no seu entender melhor distribuídas se encontram as características que lhes exige: “habilidade no momento da reunião, flexibilidade para lidar, para mover o toiro na praça e carácter forte, ânimo para entrar de caras nos terrenos do toiro e potência para sair limpo da sorte”.

A base da sua quadra têm sido o “Amoroso”, um Puro sangue Lusitano com ferro Santos Montez e o “Douro”, um Anglo-Luso-Árabe com ferro “Terras do Baixo Mondego”. Para 2018, Luís Rouxinol Júnior deposita “grandes esperanças em dois cavalos que poderão vir a fazer a diferença. Um é Puro Sangue Lusitano, filho do “Ulisses”, das Silveiras”.

Recordando a data da sua Alternativa (20 de Julho, no Campo Pequeno), Luis Rouxinol Júnior diz ter sido uma noite muito especial, “de muita exigência, mas foi a concretização de um sonho”, que o seu pai, Luís Rouxinol, apadrinhou.

Sobre a sua vinda à Corrida de Gala à Antiga Portuguesa que encerra a temporada dos 125 anos do Campo Pequeno manifesta a sua satisfação por, no mesmo ano, actuar na primeira praça do país por duas vezes.

“Em 2015 actuei na corrida de gala…é um ambiente único, um público especial…, mas igualmente uma responsabilidade acrescida…quem me dera voltar a triunfar este ano e assim encerrar a minha primeira temporada de profissional com chave de ouro”, refere.

Sobre o cartel, diz ser “excelente, de grande qualidade e, por consequência, de grande responsabilidade para cada um de nós. É um cartel com dois cavaleiros consagrados, Rui Salvador e Rui Fernandes e quatro mais jovens, três dos quais, o João Moura Caetano, o Manuel Ribeiro Telles Bastos e o João Moura Júnior, que são figuras do toureio e eu…que quero vir a ser. Também no que respeita às pegas, a corrida promete, com a competição entre os grupos de Évora e de Vila Franca. E para rematar…um curro imponente da ganadaria Passanha”.

“Tudo isto concorre para que a noite de 12 de Outubro seja uma grande noite de toiros”, conclui.

Diogo Passanha: “A Ganadaria está num bom momento”

O ganadero Diogo Passanha, que lidará no Campo Pequeno a 12 de Outubro, na corrida de Gala à Antiga Portuguesa, considera que a sua ganadaria está num bom momento e baseia a sua afirmação nos triunfos alcançados esta temporada, tanto em Portugal como em Espanha.

“A ganadaria Passanha é, hoje em dia uma das preferidas pelas grandes figuras do rejoneio, pois os meus toiros proporcionam, regra geral bons triunfos”, refere Diogo Passanha que enumera os êxitos obtidos em praças como Villarobledo, Torrejón de Ardoz, Sória, Teruel, Huesca, Villarubia de los Ojos e Pozoblanco, ao passo que, em Portugal, destaca os êxitos de Reguengos, Évora e Vila Franca.

Na corrida de encerramento da temporada de Lisboa, os “Passanha” serão lidados pelos cavaleiros Rui Salvador, Rui Fernandes, João Moura Caetano, Manuel Ribeiro Telles Bastos, João Moura Júnior e Luís Rouxinol Júnior e pegados pelos grupos de forcados amadores de Évora e de Vila Franca de Xira, capitaneados respectivamente por João Pedro Oliveira e Ricardo Castelo.

Na temporada que está prestes a findar, a ganadaria lidou cerca de 75 toiros e para o ano dispõe entre 90 a 100 para lidar, sendo o seu efectivo de 300 vacas de ventre e respectivas crias e doze sementais, todos de ferro “Passanha”.

Diogo destaca a homogeneidade na apresentação e condições de lide patenteados durante toda a temporada pelos exemplares da casa. “Regularidade na bravura foram as dominantes dos Passanha lidados esta temporada.

Adepto confesso do encaste Murube, o ganadero explica o porquê dessa preferência, “pela quantidade de toiros bravos e nobres que este encaste tem proporcionado ao longo dos anos”.

Como ponto menos forte deste encaste, refere a falta de cara que por vezes alguns toiros exibem, referindo que “beneficiariam com um pouco mais de cara, como existe no encaste Domecq”.

A ganadaria Passanha procede da que D. Lorenza Cortés herdou, em 1918, de D. Vicente Cortés García, tendo sido aumentada com reses de Nicasio López Navalón, com origem na ganadaria de D. María Sánchez, antes Trespalacios. Foi vendida em 1965 à Condessa de Las Atalayas que por sua vez a vendeu, em 1970, a D. Luís Maldonado Passanha que eliminou estas reses e adquiriu outras de origem Urquijo, herdadas de seu pai D. Diogo Francisco d’Affonseca Maldonado Passanha. Em 1993, a ganadaria passou para D. João Maldonado Passanha, e por falecimento deste (11 de Agosto de 2016), a seu filho Diogo. Dado que a antiguidade inicial se perdeu em 1971, pois o ferro e a divisa foram mudados para a forma actual, a antiguidade foi estabelecida em Madrid, na corrida de 3 de Setembro de 1972. De encaste Murube-Urquijo, a ganadaria pasta na Herdade da Pina (Évora).

Ricardo Castelo: “participar na corrida de gala é o reconhecimento do bom momento do Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca”

O Cabo do Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca entende a participação do seu grupo na Corrida de Gala à Antiga Portuguesa, que se realiza na próxima quinta-feira, como “o reconhecimento do bom momento pelo qual atravessamos”.

A corrida de encerramento o Abono do Campo Pequeno é sempre um ponto alto da festa de toiros em Portugal. Este ano ainda é mais por a praça ter comemorado 125 anos sobre a data da sua inauguração, temporada em que figurámos, também, no cartel de abertura”, afirma Ricardo Castelo.

O cabo faz uma apreciação global muito positiva ao desempenho do grupo na temporada que está pestes a terminar. “Não pegámos muitas corridas, talvez 17 ou 18, mas são das corridas mais importantes do calendário taurino nacional e, apesar de ser um número claramente inferior ao da nossa categoria, demonstrámos cabalmente a nossa solidez, com bons forcados de cara e bons ajudas, num misto de veterania e juventude, estando os mais novos já perfeitamente integrados”. E acrescenta: “Vamos ao Campo Pequeno de uma forma digna e confiante”, acrescentou.

Sobre o actual momento dos forcados, entende haver “grupos a mais” e defende mais rigor e atitude dentro da praça, “desde a forma como se fardam, a pormenores técnicos da pega e de conhecimento do toiro. E isso ganha-se com o tempo, com o convívio com os forcados mais experientes. É um trabalho de todos, com a actual geração a saber assumir o legado cultural e a filosofia daqueles que os antecederam”.

Na próxima quinta-feira, o Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca irá actuar ao lado do grupo de Évora, pegando toiros da ganadaria assanha. Para Ricardo castelo, “trata-se de uma das principais ganadarias portuguesas, uma ganadaria de grande respeito, que valorizam a actuação do forcado, mas que, por essa mesma razão, nos redobra a responsabilidade, em nome da nossa credibilidade”.

A corrida abrirá com o cortejo evocativo das touradas reais do século XVIII e terá no seu cartel os cavaleiros Rui Salvador, Rui Fernandes, João Moura Caetano, Manuel Ribeiro Telles Bastos, João Moura Júnior e Luís Rouxinol.

Manuel Ribeiro Telles Bastos: “2017 foi uma temporada de renovação, regularidade e afirmação”

O cavaleiro Manuel Ribeiro Telles Bastos, que integra o cartel da corrida de gala, de encerramento do abono de 2017, no Campo Pequeno, considera esta temporada como de “renovação, afirmação e regularidade”.

“Foi uma temporada muito positiva tanto do ponto de vista quantitativo, pois passei de uma média de 13 corridas, para 30, como do ponto de vista qualitativo, pelos triunfos que alcancei, fruto de um trabalho de equipa que englobou não só o meu apoderado, Pedro Penedo, como todos os que connosco trabalharam”, refere.

Manuel Ribeiro Telles Bastos recorda a boa prestação das novas montadas e a “fidelidade” do experiente “Xinico”, o cavalo que normalmente utiliza para executar as “sortes de gaiola”. Quanto às novas montadas, o cavaleiro refere o “Gabarito de Peramanca”, um “Grave” em segunda temporada, Puro Sangue Lusitano e o “Roca Rey, cavalo cruzado de Lusitano com Inglês, que estreou esta temporada e ao qual reconhece “ampla margem de progressão”, bem como o “Rilvas”, de ferro Luís Rouxinol, cruzado e o “Diestro”, Lusitano com ferro Oliveira Martins. “Estes quatro cavalos novos permitem-me encarar o curto e o médio prazo com a tranquilidade que necessito para realizar o tipo de toureio que sinto”, acrescenta. Considera ainda que, a regularidade dos seus triunfos, foi a “pedra de toque” para a sua consequente afirmação artística.

Para o tipo de toureio, de corte vincadamente clássico, na linha de seu avô, Mestre David e de seu tio, António Ribeiro Telles, Manuel Telles Bastos exige, para que um cavalo faça parte da sua quadra tenha três características fundamentais: Força, habilidade e nobreza de carácter. E explica: “O cavalo tem de ter força e habilidade para entrar de frente nos terrenos do toiro. Tem de absorver a investida do toiro e não a descarregar, tem de possuir a necessária habilidade para sair limpo da sorte e a nobreza de carácter para obedecer às ‘ordens’, ou mais tecnicamente, às ajudas. Só assim podemos realmente desfrutar da verdade do toureio a cavalo”. Mas adverte que, encontrar estas três características no mesmo cavalo, “nem sempre é fácil”.

Manuel Ribeiro Telles Bastos foi o segundo cavaleiro a tomar a Alternativa no renovado Campo Pequeno, facto que ocorreu a 7 de Setembro de 2006. Foi seu padrinho Mestre David que os aficionados puderam ver nessa ocasião, pela última vez, montando a cavalo em praça. É com emoção que Manuel recorda essa noite de apoteose. “Recordo a cara de felicidade do meu avô…felicidade e realização pessoal. Vi um homem contente…ainda tenho nos ouvidos aquela interminável ovação que o público nos concedeu, bem como aos meus tios, João e António e ao meu primo João. Pareceu eterna…foi bonito…nunca vi uma coisa assim”.

Sobre a sua participação na corrida de dia 12, diz que “tourear no Campo Pequeno é sempre uma grande responsabilidade pois, uma boa actuação nesta praça, repercute sempre positivamente na carreira de um artista”. No seu caso especial, acrescenta nunca alhear-se do facto de ser uma arena que diz muito à sua família. “Só espero que me saia um toiro que me ajude a ter uma boa actuação”.

A corrida de encerramento do Abono de 2017, durante o qual se comemoram os 125 anos do Campo Pequeno, tem no seu cartaz os cavaleiros Rui Salvador, Rui Fernandes, João Moura Caetano, Manuel Ribeiro Telles Bastos, João Moura Júnior e Luís Rouxinol Júnior, bem como os grupos de forcados amadores de Évora e de Vila Franca, respetivamente capitaneados por João Pedro Oliveira e Ricardo Castelo, sendo lidados toiros da ganadaria Passanha.

A anteceder a corrida, desfilará o cortejo histórico evocativo das touradas reais do século XVIII.

Rui Fernandes: “Sempre ambicionei tourear a corrida de Gala do Campo Pequeno”

O cavaleiro Rui Fernandes actua dia 12, no Campo Pequeno, na corrida de Gala à Antiga Portuguesa, facto que ocorre pela primeira vez na sua carreira que leva já 19 anos de profissionalismo.

“Sempre ambicionei tourear esta corrida, mas apesar dos meus 19 anos de alternativa, tal ainda não tinha sido possível. Sucederá agora. Estou muitíssimo satisfeito, pois era um dos meus objectvos pessoais para este ano e vou concretizá-lo”, refere.

Rui Fernandes alternará com Rui Salvador, João Moura Caetano, Manuel Ribeiro Telles Bastos, João Moura Júnio e Luís Rouxinol Júnior, na lide de seis toiros da ganadaria Passanha, que serão pegados pelos grupos de forcados amadores de Évora e de Vila Franca de Xira.

Prima pela selectividade nas suas actuações. “As minhas temporadas, tanto em Portugal como em Espanha, são pequenas. Actuo num número reduzido de espectáculos, ou seja, actuo naquelas praças onde considero reunidas as condições exigidas pela minha dignidade artística. Este ano voltei a tourear em França, em Mont-de-Marsans e foi uma corrida que me deu um prazer especial, pois a tauromaquia, naquele país, está num momento muito positivo”.

Quanto a cavalos, diz continuar à procura do “tal cavalo ideal, o tal que ainda não existe senão no nosso desejo e em busca do qual andamos uma vida inteira. Os meus cavalos têm de reunir algumas condições que considero básicas do ponto de vista funcional: Tem de ser elástico, ter coração para pisar os terrenos do toiro e ter o que na gíria chamamos de ‘boa cabeça’, ou seja, ser dócil e saber aguentar a pressão que significa estar numa praça com cinco ou seis mil espectadores e em frente a um toiro, saber tolerar a perna do cavaleiro e ao mesmo tempo sentir-lhe o bater do coração”. E recorda um aforismo popular que, frequenteente, aplica aos cavalos: “mais vale quem quer do que quem pode”, pretendendo com isto significar que “há cavalos com menos força que conseguem, pela habilidade natural para o toureio, superar essa desvantagem”.

Rui Fernandes tem, igualmente, uma vincada preocupação estética quando escolhe um cavalo. “O cavalo te de transmitir a sua beleza natural ao espectador. Eu diria mesmo, o cavalo tem de exibir em praça um certo ‘sex-appeal”.

Sentindo-se num momento de grande realização pessoal e profissional, Rui Fernandes considera mesmo estar “num dos melhores momentos” da sua carreira, fruto da experiência adquirida e acentua: “Mantenho a mesma paixão pelo toureio que tinha nos tempos em que comecei. Sinto que tenho ainda muito para fazer”.