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CRÓNICA DA CORRIDA DE MOURA
CRÓNICA DA CORRIDA DE MOURA
10 de Setembro de 2018

Diego Ventura mais uma vez por cima de todos

A Praça de Touros José Almeida, em Moura recebeu ontem a sua tradicional corrida por ocasião da feira da cidade, com a praça cheia à vista.

Três grandes nomes do toureio internacional repartiram ontem o cartel: João Moura, João Moura Jr. e o rejoneador Diego Ventura. Pegou em solitário o Real Grupo de Forcados Amadores de Moura, capitaneado por Valter Rico, um curro da ganadaria Alves Inácio. A este curro faltou bravura e trapio.  A corrida foi abrilhantada pela Sociedade Filarmónica União Mourense “Os Amarelos”, e dirigida pelo diretor Agostinho Borges, assessorado pelo veterinário José Miguel Guerra.

Depois da majestosa procissão das velas decorrida na arena entrou em praça o mais velho de alternativa, o Maestro João Moura. João Moura esteve, na sua primeira lide, frente a um oponente de 530kg, um toiro bem conformado mas complicado, que saiu lançado dos curros mas rapidamente perdeu a energia. Apesar de não ter colaborado com o toureiro a noite começou com uma lide muito boa, com destaque para o primeiro ferro curto, que fez vibrar o público, e também para o terceiro curto. João Moura cravou ainda um Palmito, um ferro muito complicado visto que o toiro recolheu às tábuas. Terminou uma boa lide com direito a música e volta.

A primeira pega foi consumada apenas ao quarto intento por Gonçalo Borges, a sesgo. O forcado não teve direito a volta.

Em segundo lugar saiu à arena o aclamado Diego Ventura frente a um oponente de 495 kg, brindou ao maestro João Moura. Diego teve uma lide extraordinária sendo que o único ferro com nota negativa terá sido o segundo comprido que foi um pouco atrasado. Teve sorte com o seu oponente e terminou a sua primeira lide com duas sortes de violino que levantaram a praça. O Rejoneador teve direito a música e foi aplaudido de pé por toda a praça na sua volta.

A segunda pega ficou a cargo do forcado Gonçalo Malato que se lesionou na primeira tentativa, sendo dobrado pelo seu colega Davide Carvalho, esta que foi uma boa pega com destaque para o primeiro ajuda. Apesar de ter sido autorizado pelo diretor, o forcado não deu a volta à arena.

Para terminar a primeira parte, saiu à arena o cavaleiro mais jovem da noite, João Moura Jr. frente a um toiro de 505 kg que saiu lançado dos curros e colaborou durante toda a lide, foi um oponente fácil que permitiu a Moura Jr. mostrar tudo o que tem para dar. Os destaques vão para o primeiro ferro curto, cravado ao piton contrário, e para o sétimo curto, um ferro perfeito. Foi uma lide sempre correta e ritmada, bem ao estilo Mourista. João Moura Jr. teve direito a música e volta à arena.

A pega deste exemplar ficou a cargo de Márcio Zeferino, que apesar de ter consumado a pega apenas à segunda tentativa, fez uma boa pega, com direito a volta.

Durante o intervalo foram descerradas duas placas comemorativas no pátio das quadrilhas desta praça, uma em comemoração dos 40 anos de alternativa do Maestro João Moura e outra em comemoração dos 20 anos de alternativa de Diego Ventura. Foi oferecida também uma placa comemorativa dos 47 anos de idade ao Real Grupo de Forcados Amadores de Moura.

 

Após o intervalo voltou a sair à praça o Maestro João Moura, frente a um oponente bonito de 520 kg, mas alto e com muito esqueleto, que saiu lançado dos curros. Nesta segunda lide, o Maestro andou sempre ao seu estilo, correto e ritmado, terminando a sua noite com um palmito de muito bom tom. Teve direito a música durante a lide e à volta à arena.

Para iniciar a segunda parte, pelo capítulo das ramagens, veio o forcado João Cabrita, com a melhor pega da noite, consumada ao segundo intento por falta de ajuda na primeira tentativa. O forcado teve direito a volta à arena.

Para a melhor lide da noite saiu à praça Diego Ventura montado no Guadalquivir, frente a um toiro com um peso anunciado de 610 kg, um toiro rematado mas com pouca força. A lide não começou da melhor forma para o rejoneador que apenas conseguiu cravar um ferro comprido, mas salvou a noite com os curtos, todos muito bons, mas com maior destaque para o terceiro e quarto, sendo que o quarto levantou a praça para o aplaudir. Terminou a sua noite com muita emoção ao cravar um par de bandarilhas perfeito após ter retirado a cabeçada do seu cavalo. Foi a lide mais emotiva da noite e que mais aplausos recebeu. Diego Ventura teve, como era esperado, direito a música e a volta no final.

Para este exemplar saíram à arena os forcados Rui Ameixa e Fernando Navas, que consumaram a pega de cernelha à segunda tentativa. Tiveram direito a volta à arena.

Para terminar esta noite saiu à praça novamente João Moura Jr. frente a um oponente de 505 kg, bem feito mas não totalmente conformado. O animal permitiu ao toureiro andar bastante à vontade durante a sua lide. João Moura Jr. cravou os ferros da ordem sem nada demais a apontar, mas teve destaque para o quarto ferro curto, e terminou a lide com dois palmitos cravados ao piton contrário. A praça reagiu bastante bem a esta lide e João Moura Jr. conseguiu terminar a noite e a lide de maneira maravilhosa. Teve direito a música e volta.

Para terminar a noite, no capítulo das ramagens, saiu à arena o forcado Cláudio Pereira com uma pega consumada à primeira tentativa.

Os aficionados de todo o país foram chamados à Alma do Alentejo com a promessa de uma corrida histórica, e, de facto, quem esteve presente não pode negar que o foi. Apenas os toiros ficaram um pouco aquém do que era esperado numa corrida deste calibre.

Ana Silva